domingo, 11 de janeiro de 2009

A idade é um mistério

Subitamente uma idéia tomou-me a mente: A importância do aniversário é inversamente proporcional à idade. A idéia se destrinchou na véspera dos meus 19, ocupou-me durante todo o dia, timidamente, como uma companhia latente.

A idéia irrompeu-me quando a idade me encontrou despretensiosa, quando o aniversário tornou-se 'levemente fútil - levianamente normal'.Cruelmente um dia ordinário. Então, foi só a realidade que me atingiu; Acabaram-se as noites de insônia de pura expectativa; acabaram-se as infinitas mesas de brigadeiro, cajuzinho e beijinho; acabaram-se as montanhas de presentes e as festas temáticas.Acabou-se o arco-íris de balões.Quando se chega na idade da inversão, acabou-se o ânimo da comemoração.

Não.Na verdade... Alerta!Ânimo em coma. Você está apenas interditado para manifestações de júbilo material (festa de aniversário). Nas vésperas, o impossível é pouco.Tenta-se fugir ou induzir uma amnésia momentânea para esquecer daquela festinha a base de muito álcool 0800 que seus amigos não cansam de te lembrar incessantemente, já que não serão eles os responsáveis por toda a burocracia festiva (Sim! Até as libidinosas festas são burocráticas. Por quê você acha que a bebida parece infinita? Que a mesa sempre parece intocável? Que a sala tem uma certa atmosfera sugestiva à luz de velas?).

Então não me crucifiquem se fujo das organizações e da responsabilidade, me escondo da distribuidora de bebidas ou da confeitaria. Para tudo existe um “pesar”. Para todo brasileiro qualquer motivo é razão para celebrar, mas não quando você é um aniversariante em crise. E afinal, você é o anfitrião, isto é, tempo individual não é uma opção.A sobriedade?Conseqüência.Não se embriagar na própria festa deveria ser proibido.Principalmente, porque você está ficando mais velho. A idade já começa a ter o gosto da independência tão almejada e o peso da autoconsciência do tempo - para o homem, a velhice é uma dádiva. Para a mulher, uma praga -. E para tudo... ”one more drink,please.”


Agora, depois de toda essa análise ‘contra-festa’, resgate a lembrança do último aniversário em que você passou all-white -Nada de comemoração.Recorde daquela manhã em que você acordou alheia aos terrores fúteis de um aniversário, mas abarrotada de neuroses profissionais. Lembre na primeira coisa que você pensou, a idade. Pense na segunda, um dia normal. E agora eu penso. Penso naquele vazio que você digeriu sozinho na cama, naquele revival da tua vida (medíocre ou não/constante ou não). No arrependimento espontâneo de ignorar a comemoração daquele dia. O único dia além-natal/reveillon (futura análise) em que você pode dar uma colorida, uma diferenciada, enaltecer sua rotina. O único dia que foi parcialmente estipulado como sendo “seu” – as palavras o tornam mais patético -. E você transformará esse dia naturalmente relevante em tédio. Dia de luto (a autora o torna mais trágico).


obs. sim! o texto não tem fim,acaba-se assim do nada.Consequência do cérebro ser mais rápido que as ações da escritas e embaralharem a objetividade.

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